segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Solitário Mundo Vil

Quão cansado você poderia estar? Em ver milhares de faces com as mesmas expressões, com as mesmas impressões em sua psique. É como se fossemos um ponto de luz em tanta escuridão. É assustador. São aparelhos automáticos, bonecos, marionetes, como quiser. Eu vejo escuridão até naqueles que escrevem sua história com um sangue azul. Não é uma questão de pessimismo. É que eu não consigo corromper meus olhos. Eu não acredito em mais quase nada. Essa corja aristocrata, que veste ouro e desfila com cores pintadas no rosto. Eu não entendo. Não entendo a loucura da humanidade. Não entendo a doença que assola o mundo, que distorce, que mente, que inventa, que culpa, que não pede desculpas. Até os nobres pintam sua tela de azul para mostrar que são nobres, quando a tinta é vermelho sangue, sangue de outros. É uma novela que vemos todos os dias. Aquele vilão querido e amado por todos, somente por ter a sua mais profunda dose de escuridão. As pessoas adoram os vilões. Talvez isso as façam sentir fortes, assustadoras e destemidas. E até aqueles que não preferem os vilões, são atores da boa conduta. Levantam uma bandeira que eles mesmos queimam quando estão em seu quarto, sozinhos. Todos têm seu lado obscuro. No entanto, o que mais me assusta é ilusão que as pessoas usam como peças de vestuário. Levantam cedo, fazem seu trabalho e não cansam de buscar uma boa ação. Escrevem seus pensamentos em uma tela vazia, porque não querem gastar papel. Deixam seus rastros escondidos como armadilhas muito bem armadas, e quando são descobertos, arrumam um jeito de assinalar um réu. O impressionante é que todos creditam essas criaturas, principalmente pela sua boa-fé reduzida a sorrisos. É um show de horror. Porém, nos dias de hoje, tudo é arte. Então poderíamos chamar de uma exposição vil. Eu estou nela, ou você acha que não? Como podemos sobreviver em um mundo de gladiadores, se não sabemos jogar? Somos peças e essas peças movem sozinhas. Apesar disso, minha tática é ainda, somente defensiva. Todavia, eu sei ser um excelente pião de xeque-mate em um jogo ofensivo. Isso se dá pela grande demanda de personalidades que por aqui passaram. Eu me considero uma estudiosa e talvez até uma experiente fantasista do comportamento humano. A melhor peça do jogo é, de fato, a mente humana e por isso, eu jamais esquecerei a frase de um poeta, também peça deste imenso tabuleiro. Ele dizia: “Se você quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo.” Até porque é assim que chegamos e é assim que vamos embora, sozinhos.

sábado, 25 de julho de 2015

A carta de uma filha


Somos tão minúsculos nessa imensidão de mundo.
Entendemos o tamanho do mundo quando envelhecemos. Somos frágeis, indefesos e pequeninos, então aqueles olhos grandes e brilhosos te encaram como uma esfera reluzente.
Você não entende direito o que tudo aquilo significa, mas é tão quentinho. Todo o desespero do frio congelante que bateu na espinha parece se dissipar. Estou no colo de uma mãe, da minha mãe.
Crescemos, brigamos, nos abraçamos e sempre naquelas datas especiais – natal, aniversario, dia das mães, choramos feito crianças. Crescemos e nos achamos grandes e independentes. Gritamos com elas quando tentam nos impedir de fazer algo que queremos muito. Usamos a frase: “Eu já sei me virar”. É claro que eu não sei me virar, e hoje eu sei disso.
Acho que com tudo isso, toda a história que foi escrita cuidadosamente num papel de pão, nós não contávamos com a morte. Nunca contamos com ela. Ela é do tipo convidado indesejado. Aquele que a gente nunca espera, e quando menos esperamos, ele aparece. A morte é um carteiro que traz o telegrama no momento de guerra, entregando a má notícia. A nossa primeira vontade é de gritar muito alto para que todos possam olhar e sentir minha dor rugir através da garganta, que dói, que arde e queima. Então, eu aprendi a sentir algo mais forte que o amor, é a dor de perder um amor, o maior amor que Deus no deu, a mãe. Não estou falando de qualquer mãe. É a melhor mãe. Porque a nossa sempre é a melhor, não é? Pelo menos, na maioria dos casos, sim. Perder aquela mulher que me aguentou a vida inteira. Aguentou meus momentos terríveis e também meus momentos incríveis. Aquela mulher que me gerou, me deu o que comer, o que vestir, me ensinou tudo o que eu sei. Essa dor eu jamais poderia descrever.
Cada “sinto muito” é uma ardência no peito. Não queremos ouvir ninguém. Só queremos a mãe de volta. Um abraço, um sorriso, um beijo de boa noite, qualquer coisa tá valendo. Porque tudo parece vazio e cada dor que ressurge no peito é aguda e infinita. A sensação é de que não pude dizer adeus... e não pude. Mas por que Deus? Por que você não me deixou dizer adeus? Então ele me falou.
“Filha, ainda que esteja ‘descalça’ e ‘destruída’, essa mulher que você diz que perdeu, agora está comigo, vestindo um lindo vestido florido esvoaçante, e seu sorriso é mais branco do que as nuvens do céu. Me deixe entrar no seu coração para que você tenha a certeza de que isso não é o fim. Sua mãe não quis dizer adeus a ti, porque sabia que seu coração, embora forte e guerreiro, não aguentaria. Eu criei vocês mulheres com dons, dons de serem mães e conhecerem suas crias como ninguém. Sua mãe está bem minha filha, muito bem por sinal. Foi recebido pelos seus entes amados e agora ela está em seu processo de restauração. Minha filha, tenha paciência, você a verá de novo, eu lhe asseguro. Enquanto isso, guarde-me em teu peito que lhe trarei paz, sou eu... seu pai... seu tempo... e sua consolação. ”
Recebi uma carta de Deus, e nela dizia que minha mãe está bem. Ainda assim, sinto meu coração aflito e despedaçado, mas uma leve sensação me corta os soluços que interrompiam minha respiração. Meu coração foi ganhando uma certa tranquilidade e meus olhos pesaram. O sono bateu e não contive o cansaço que me fez cair na cama como um tijolo caindo de um prédio de 20 andares. Então, eu a vi. Caminhando com o vestido que Deus descreveu. Nossa! Como ela estava linda. Ao lado dela, eu via homens e mulheres sorrindo e gargalhando sobre algo que eu não conseguia ouvir. Ela parou perto de uma árvore e me observou de lá. Eu queria correr e abraça-la, mas sentia meus pés presos no chão. Então ela sorriu. Pude ver o sol bater em partes dos seus cabelos negros. Ela parecia muito mais jovem. Ainda me olhando, ela sussurrou as seguintes palavras: “Me perdoe por não conseguir me despedir. Eu não consegui. Eu vou te amar por toda a eternidade. Não chore. Vou estar sempre contigo. Sempre. ”
Meus olhos ardiam de maneira que mal conseguia mantê-los abertos, pois as lágrimas embaçavam minha vista. Passei minhas mãos pelos olhos e acordei. Acordei? O coração disparado. O cansaço ainda estava ali e então adormeci novamente. Dessa vez não sonhei. Quando acordei, senti o coração um pouco mais leve. Eu sabia que ela estava ali e sempre que eu precisasse dela, era lá que iria encontra-la, em meus sonhos.
O que posso dizer é que nada nessa vida, nenhuma ciência, nenhuma religião ou teoria, pode explicar o amor de uma mãe por um filho e a dor do filho em perder sua mãe.


terça-feira, 14 de julho de 2015

Pigeons' message


I could say i would follow
the trail of hidden shadows
To find the pigeons carrying hearts
Eventhough, We are more than billions
So, how could a soul be attached to one?
Watching our steps getting dry after the tempest
How could they fly so?
How could they carry my love?
Despite the beauty of the rain
The pleasant smell of a wet soil
Still, it could be kinder to me
Thus, your eyes will be no more dark reflections
Your hair will have a color
And your lines I’d be able to draw in mind
Feeling the satisfaction of falling for the core
Inventing my own perfection of being
being one heart instead of two bodies lost in time
I pray to the heavens for delicacy
To let them fly
Fly to find one another
Fly to be no more aside

sábado, 9 de maio de 2015

O ato de querer ser

Tens de mim o melhor que posso dar
sou raiva, fogo, tudo de amargo e vulgar
Queres de mim faces e justificativas
O que quero de ti, você não pode dar
Sou grito, sou medo, sou quase tudo que posso pensar
e ser, mas ser não adianta se meu ser não é regular
apesar de tentar... e tentar... comedir não me faz funcionar
Para me ajustar, apropriar, reparar, endireitar, amoldar, ou simplesmente me adaptar.
Ainda assim, é difícil fazer funcionar. É difícil criar.
...hábil, eficiente, competente, preparado, capaz, apto.
São sinônimos, ou então nomes dos fantasmas que cismam em me assombrar.
Ser diferente! Ser estapafúrdico! Eles gritam!
Porra! Pra quê? Pra quem?
É meu medo de errar?
Ou um problema externo em aceitar, apreciar e usar?
Ainda que espantoso, esse é o meu insigne universo particular.
Torturante, lastimoso, mas acima de tudo, maravilhoso e singular.

terça-feira, 31 de março de 2015

Às vezes

Às vezes eu sinto vontade de parar.
Parar no tempo...
Parar nas flores, parar no meio do caminho.
Respirar o vazio e atravessar a luz que me guia.

Às vezes sinto vontade de mudar
mudar de casa, mudar a rotina
Mudar o caminho...
Me entrelaçar em sentidos
Me aventurar no invisível

Às vezes eu sinto vontade de esquecer
esquecer os erros, as decepções...
e o medo.
Vislumbrar o anônimo
Me acabar em risos e borboletas no estômago.

Às vezes sinto vontade de sair
sem rumo, sem companhia,
Sem regras pra seguir
Sair do "porque isso você não pode fazer".
Sair do inventário em que puseram.

Às vezes, tudo isso é só uma fuga
do inevitável da vida.
Da incessante busca pelo ideal
Do quimérico que não existe
Dos sonhos repetidos
E de seus naufrágios.







Às vezes, é somente uma questão de ensejo.