sexta-feira, 9 de maio de 2014

Um Livro qualquer

O início de um livro qualquer.


Então ele pensou:

Sim, era ela. Eu estava lá por ela. Ela me sentia, mas não me via.
Em cada passo, cada gota que caia, cantava uma melodia.
Era ela viva e gritante dentro de mim.
Como um espectro decompondo a luz.
Um demônio de asas e auréola.
Ela me matava umas 15 vezes por dia.
Seu tempero, sua pele, sua cor, seus olhos negros como o céu.
Era ela que me escravizava à madrugada e me arrancava os sonhos.
Ladra do sono. Adormeceu meus sentidos.
Me enfurece, cada dia, porque eu a sinto tão perto.
Ela faz da minha natureza, invisível.
Eu a odeio, mas a quero com toda veemência.
Ela despreza minha sede.
Musa dos meus quadros.
Não sou homem de rever meus erros.
Prefiro aprender com eles, mas você...
Merda, você é indomável.
A sua rebeldia me reprimi como uma criança assustada do culto da noite.
Eu hei de te derrotar. Acabarei com você. Te deixarei em pedaços.
Já fiz isso outras vezes e farei novamente
Farei até você me implorar para parar
Porque por mim, você vira meu lençol.
Te enrosco em mim e você sente minha rispidez
E me pede mais.
Ah! É ela. E isso me mata.
A pele branca, os cabelos tingidos de dourado.
Eu quero tudo isso e me embriagar em uma noite longa.
E repetir e repetir.
Quero te apoiar na parede e te perturbar cravando meus dentes em ti.
De tanto ódio que invade meu coração.
Eu duvido que você resista.
Se ao menos você revirasse seus olhos para mim.
Eu teria a oportunidade de te destruir por inteira.
Não sobraria seu sorriso para contar uma história.
Te restaria lágrimas e desgraça.
Eu então, cumpriria minha missão.