sábado, 3 de agosto de 2013

Coisas simples



São simples coisas da vida
que fazem de mim uma avenida desconhecida
Uma folha ao cair de sua árvore tem sua poesia
representa a saudade de alguém que partia
A corrente de água batendo nas pedras
representa a fissura incurável das guerras


Deus criou a terra, a água e o ar
o homem criou na terra pernas para controlar
Caminhou sobre as águas sem magia
Aprendeu a voar com uma tecnologia


O homem se fez materialista
Nasceu de uma eva egoísta
De uma flor, enxerga só espinhos
escolhem apenas os fáceis caminhos


Não existe romance com flores e poesia
a dor simboliza toda essa fantasia
mentiras, calúnias e desonestidade
Viraram características da nova idade


Não se acredita mais em céus, anjos ou serafins
Não acredita mais em um "para sempre" sem fim
As escolas não sabem ensinar, hospitais não sabem salvar
vejo que o mundo vai se acabando, sem nada demais a declarar.
Sem amor, sem paz e sem harmonia. Só resta o ser humano e sua ironia.
Tudo o que mais pedimos é o que mais nos repudia.

Uma Navalha de Vida



"Posso ver que meus olhos não se fecharam no reflexo do susto. O peso da minha lágrima foi maior que o peso da consciência. Não me atrevo a começar me moldando para o seu mundo. Vestindo roupas indecentes e uma maquiagem forte no rosto imundo. Valho muito mais à pena, valho mais que cinco minutos e mais alguns centavos."
Assim ela escreveu com um lápis quase sem ponta, negando.

Não se fatia a liberdade e nunca se diz: “Eu não tive outra opção", e sim "foi essa a opção que escolhi para viver". Se parar de sonhar, aí sim... Só bastaria vender sua alma ao diabo, pois o resto já havia vendido e revendido diversas vezes.


O que lhe impede de tirar-lhe a vida medíocre é o orgulho de carregar um filho nos braços e ainda não tê-lo abandonado em uma lata de lixo. Um menino bonito, com traços de ninguém ou quem sabe, traços de todos que já passaram por ela com o nome de "quem?".

Um caso de amor seria fatal. Ela já havia comprado o ticket de ida sem volta, além da revolta, nada mais lhe era de direito, a não ser alguns resmungos e choros que poderiam ser usados contra ela no tribunal. Sem saber o que fazer, foi fazer o que menos sabia, pegar "emprestado" a longo prazo, além de indeterminado. Seu filho de ninguém, havia sido dado para alguém, ou talvez, vendido para um desconhecido. É o que andam dizendo por aí: 'Tal mãe, tal filho...' Ele sim não tinha opção, apesar de que, ela também não. Morre deitada no chão, vendo o céu se apagar quadriculado, com um lápis na mão, inventando perdão para consolar sua autotortura. Enquanto que o moleque cresce e é "desovado" por não ter levado o bagulho no lugar combinado. Garoto errado e bastardo.

É como dizem por aí: tal mãe, tal filho... Morreram juntos e sem saída, se despediram da navalha que era a vida.

Do seu lado 2



Concordo, Vamos fugir, inventar desculpas
Nos esvaziar de tudo que nos deixa culpas
E quando voltarmos vamos ver que bicho que dá
só sei que se essa nossa merda continuar
cada vez mais e a cada loucura que fizermos
é mais uma lenha que colocaremos
O fogo vai aumentar e vai nos queimar sem opção
ai eu não quero pensar em qual será a solução


por enquanto eu deixo você dizer
"Tô doido para me enrolar em você"
ao meu lado... somos bobos e tarados
somos loucos vivos e acorrentados

Pela Janela


Um dia você acordará e não reconhecerá a pessoa deitada ao seu lado. Não lembrará da cor dos olhos, tão pouco do doce gosto do beijo ou da textura dos lábios. Não lembrará da temperatura da pele e tão pouco os detalhes escondidos naquele corpo. Não lembrará do cheiro do cabelo, tão pouco do universo de faces daquela criatura.
Você se levantaria como num dia qualquer, amanhecendo. Você como em um surto de raridade,  haveria acordado mais cedo com uma sensação de vazio latejando dentro de você, como se tudo estivesse incompleto e apenas o zelo para com teu berço te acalmaria ou te faria esquecer do cotidiano lá fora. Mas teu berço cresce e pede por rua. Você fita sua frente, sem olhar para os lados, alto ou baixo. Ainda assim, algo te incomoda e você fica inquieto, andando de um lado para o outro e por toda a casa, tentando procurar alguma coisa que você sabe que não poderia estar ali. As aventuras envaidecidas não te satisfazem mais.
Por fim, você pega o celular e passa obstinadamente por toda a sua lista, procurando alguma coisa que você ainda teimaria em esconder. Você liga e o número havia mudado e com lágrima nos olhos você olha pela janela batendo contra o vento e se aproxima lentamente e olha para o lado de fora.


As coisas mudaram, o azul do céu não era mais tão claro! Lembravam outros olhos refletidos com flores vermelhas ao fundo. Um sorriso de lado, apaixonado e ainda esperançoso. Vivo como nunca. O gosto da liberdade escrita nos olhos de dois embolados. A vida correu para seus lados distintos, como se estivessem torturando-a, machucando-a.


A sensação de desespero corre entre seu peito, viaja dentro do seu sangue até chegar no seu coração, que acelera a ponto de sucumbir a qualquer momento. A vontade de sumir é um invasor, já morador... Sumir... Mas sumir com quem? Logo vem a vontade de dormir. O cansaço físico e mental é quase mortal, um peso impossível de se carregar. Logo depois, você cai no sono, pois é no sonho que você encontra outros horizontes e a sua realidade é simplesmente aquela que um dia, você e seu amor dos cabelos negros almejaram juntos, mas que no outro dia, a dúvida, o medo e a insegurança do jeito que nasceram pra ser, concluíram seus trabalhos, arrancando de ti o que você não conseguiu lutar para ter. Você lembrou que não se planeja o futuro pensando no passado. Os olhos azuis dela, haviam se revertido em seu manto de solidão.